terça-feira, 15 de setembro de 2009

Um engano

É sempre uma tentação. Dá para sentir os rastros que perseguem durante o dia e que encontram o alvo quando chega a noite... Parece seduzir num ritmo quente, como se corresse pelas veias para depois pulsar junto com o coração...
Na verdade, tem o poder de enlouquecer, porque por instantes, nos pertence. Tudo sob um olhar e um comando. Mas, é muito fugáz. Logo se vai. Talvez esse seja o segredo para ser tão contagiante, ao mesmo tempo em que faz sorrir, castiga. Eu diria que sabe enganar perfeitamente. Culpa nossa: dizemos não, quando dentro de nós, há um grito de sim.
Um engano. Engano próprio e necessário que consegue deixar a vida rolar entre meio desejos e aflições. Somos assim, incorretos e confusos. Loucos por natureza, disfarçados de civis, que não admitem a realidade que os cerca. Não admitir mas sentir, é assim que funciona. Uma falsa realidade que quando se faz verdadeira, torna-se momentânea.
Queria entender o sentido de verdadeira e de momentânea. Se for tudo verdade, precisa durar uma eternidade, ou não? E se for de momento, precisa necessariamente ser passageiro? É interessante sentir-se indeciso e totalmente contagiado. Quem sabe esse possa ser o ponto sublime de ser um louco disfarçado.
A dúvida seria enfim a verdade permanente, e os momentos a multiplicariam. O ritmo acelerado daria o poder dos instantes sublimes.
E eu, ao acordar iria fugir o dia todo para que de noite pudesse te encontrar...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Uma cena de filme


Podemos ter inúmeros motivos para não gostar, mas se tivermos um único para gostar, será o suficiente. Será marcante, em alguns momentos instigantes e com certeza deixará saudades.
Um tanto poético eu diria. Poético mas real. Não relativo, nem absoluto, mas lindo. Tem paz, é colossal e simples, mas é difícil de ser visto como tal. Deve ser porque a vida, ás vezes, atravessa caminhos tão escuros, que não permitem a entrada de nenhum feixe de luz. Aí, nos cegamos também, não vemos nada nem ninguém ao nosso redor. Até as coisas mais lindas nos causam repulsa e se tornam tão feias quanto o aspecto que nos encontramos.
O limite da escuridão parece ser o próximo passo, quando o abismo torna-se a escolha certeira. Aí, quando cremos estar no “limite do fim”, algo espalha centelhas de luz por toda parte e um novo caminho se abre.
Então, podemos ver tudo sob um novo olhar. O amarelo que cobre os morros parece brilhar e enfim, estamos em casa novamente, podendo sentir o único motivo que nos fez amar tanto esse lugar: nossa própria identidade.
Uma cena de filme, um pensamento louco que tive. Não sei, mas cena vai se ligando a outra cena. Um drama ou talvez uma comédia romântica. Talvez o amarelo que fica atrás dos morros traga essa resposta. Só sei que amo esse lugar porque é sempre tão colossal e simples. Quando está verde parece um tapete que eu gostaria de ter em minha sala, depois quando se torna esse lindo tom, parece que minhas lembranças ganham vida e encontro mais um motivo para gostar: a saudade.